domingo, 31 de janeiro de 2016

‘Na África, indaguei rei da minha etnia por que nos venderam como escravos’

Categoria » África e sua diáspora “Somos o único grupo populacional no Brasil que não sabe de onde vem”, queixa-se o arquiteto baiano Zulu Araújo, de 63 anos, em referência à população negra descendente dos 4,8 milhões de africanos escravizados recebidos pelo país entre os séculos 16 e 19. Por João Fellet Do Uol Araújo foi um dos 150 brasileiros convidados pela produtora Cine Group para fazer um exame de DNA e identificar suas origens africanas. Ele descobriu ser descendente do povo tikar, de Camarões, e, como parte do projeto Brasil: DNA África, visitou o local para conhecer a terra de seus antepassados. “A viagem me completou enquanto cidadão”, diz Araújo. Leia, abaixo, seu depoimento à BBC Brasil: “Sempre tive a consciência de que um dos maiores crimes contra a população negra não foi nem a tortura, nem a violência: foi retirar a possibilidade de que conhecêssemos nossas origens. Somos o único grupo populacional no Brasil que não sabe de onde vem. Meu sobrenome, Mendes de Araújo, é português. Carrego o nome da família que escravizou meus ancestrais, pois o ‘de’ indica posse. Também carrego o nome de um povo africano, Zulu. Ganhei o apelido porque meus amigos me acharam parecido com um rei zulu retratado num documentário. Virou meu nome. Nasci no Solar do Unhão, uma colônia de pescadores no centro de Salvador, local de desembarque e leilão de escravos até o final do século 19. Comecei a trabalhar clandestinamente aos 9 anos numa gráfica da Igreja Católica. Trabalhava de forma profana para produzir livros sagrados. Bom aluno, consegui passar no vestibular para arquitetura. Éramos dois negros numa turma de 600 estudantes – isso numa cidade onde 85% da população tem origem africana. Salvador é uma das cidades mais racistas que eu conheço no mundo. Ao participar do projeto Brasil: DNA África e descobrir que era do grupo étnico tikar, fiquei surpreso. Na Bahia, todos nós especulamos que temos ou origem angolana ou iorubá. Eu imaginava que era iorubano. Mas os exames de DNA mostram que vieram ao Brasil muito mais etnias do que sabemos. Quando cheguei ao centro do reino tikar, a eletricidade tinha caído, e o pessoal usava candeeiros e faróis dos carros para a iluminação. Mais de 2 mil pessoas me aguardavam. O que senti naquele momento não dá para descrever, de tão chocante e singular. As pessoas gritavam. Eu não entendia uma palavra do que diziam, mas entendia tudo. Era como se eu estivesse no meu bairro, na Bahia, e ao mesmo tempo tivesse voltado 500 anos no tempo. O povão me encarava como uma novidade: eu era o primeiro brasileiro de origem tikar a pisar ali. Mas também fiquei chocado com a pobreza. As pessoas me faziam inúmeros pedidos nas ruas, de camisetas de futebol a ajuda para gravar um disco. Não por acaso, ali perto o grupo fundamentalista Boko Haram (originário da vizinha Nigéria) tem uma de suas bases e conta com grande apoio popular. De manhã, fui me encontrar com o rei, um homem alto e forte de 56 anos, casado com 20 mulheres e pai de mais de 40 filhos. Ele se vestia como um muçulmano do deserto, com uma túnica com estamparias e tecidos belíssimos. Depois do café da manhã, tive uma audiência com ele numa das salas do palácio. Ele estava emocionado e curioso, pois sabia que muitos do povo Tikar haviam ido para as Américas, mas não para o Brasil. Fiz uma pergunta que me angustiava: perguntei por que eles tinham permitido ou participado da venda dos meus ancestrais para o Brasil. O tradutor conferiu duas vezes se eu queria mesmo fazer aquela pergunta e disse que o assunto era muito sensível. Eu insisti. Ficou um silêncio total na sala. Então o rei cochichou no ouvido de um conselheiro, que me disse que ele pedia desculpas, mas que o assunto era muito delicado e só poderia me responder no dia seguinte. O tema da escravidão é um tabu no continente africano, porque é evidente que houve um conluio da elite africana com a europeia para que o processo durasse tanto tempo e alcançasse tanta gente. No dia seguinte, o rei finalmente me respondeu. Ele pediu desculpas e disse que foi melhor terem nos vendido, caso contrário todos teríamos sido mortos. E disse que, por termos sobrevivido, nós, da diáspora, agora poderíamos ajudá-los. Disse ainda que me adotaria como seu primeiro filho, o que me daria o direito a regalias e o acesso a bens materiais. Foi uma resposta política, mas acho que foi sincera. Sei que eles não imaginavam que a escravidão ganharia a dimensão que ganhou, nem que a Europa a transformaria no maior negócio de todos os tempos. Houve um momento em que os africanos perderam o controle. “Se qualquer pessoa me perguntar de onde sou, agora já sei responder. Só quem é negro pode entender a dimensão que isso possui.” Um intelectual senegalês me disse que, enquanto não superarmos a escravidão, não teremos paz – nem os escravizados, nem os escravizadores. É a pura verdade. Não dá para tratar uma questão de 500 anos com um sentimento de ódio ou vingança. A viagem me completou enquanto cidadão. Se qualquer pessoa me perguntar de onde sou, agora já sei responder. Só quem é negro pode entender a dimensão que isso possui. Acho que os exames de DNA deveriam ser reconhecidos pelo governo, pelas instituições acadêmicas brasileiras como um caminho para que possamos refazer e recontar a história dos 52% dos brasileiros que têm raízes africanas. Só conhecendo nossas origens poderemos entender quem somos de verdade.” Tags: África e sua diáspora • Zulu Araújo Leia a matéria completa em: 'Na África, indaguei rei da minha etnia por que nos venderam como escravos' - Geledés http://www.geledes.org.br/na-africa-indaguei-rei-da-minha-etnia-por-que-nos-venderam-como-escravos/#ixzz3ysRKeI30 Follow us: @geledes on Twitter | geledes on Facebook

sábado, 30 de janeiro de 2016

HISTÓRIA SEM FIM Os escravos loiros de olhos azuis da Europa

POR Redação Super Por Marcelo Andreguetti Wikimedia Commons Parece bizarro imaginar que Finlândia e Suíça, que hoje estão entre os países com a melhor qualidade de vida no planeta, sofreram com escravidão em suas histórias recentes. Enquanto os finlandeses foram tratados como mercadoria no Mar Negro, entre os séculos XII e XVIII, a Suiça foi manchada por ter feito a prática com seu próprio povo. E isso até, pelo menos, 35 anos atrás. Antes ainda que o horror da escravidão negra deixasse suas feridas profundas na História, a migração forçada de pessoas para trabalho escravo era uma realidade que assombrava povos que, hoje, passam longe do que poderíamos imaginar sendo explorados. Os egípcios da Antiguidade escravizaram os judeus, enquanto os Romanos escravizavam pobres, bárbaros e criminosos, muitas vezes sem distinção étnica (entre os séculos I e V, a maioria dos escravos eram nascidos na Itália). Depois da queda do Império Romano, foi mais uma questão de cristãos contra muçulmanos: uns escravizando os outros, de acordo com o domínio que possuíam. Não é por acaso que muitos extremistas do Estado Islâmico defendam atualmente a escravidão dos “infiéis”: não escapariam nem outros muçulmanos menos radicais. Mas o tráfico humano da Crimeia tinha um foco diferente: a maioria dos escravos eram brancos originários da Ucrânia, Polônia e sul da Rússia. E, dentre eles, poucos eram homens trabalhadores. As pessoas exploradas eram crianças e mulheres destinadas ao serviço doméstico – o que, com frequência, incluía exploração sexual. O Canato da Criméia se sustentava basicamente desse comércio, e tinha a preferência por mulheres e crianças que tivessem uma beleza exótica e, por consequência, mais valiosa. O mercado de lá valorizava negros da África Sub-Saariana e os povos circassianos do Cáucaso. Porém, a variedade mais cara e lucrativa era, de longe, crianças finlandesas entre 6 e 13 anos de idade. De preferência loiras e com olhos azuis, essas crianças eram compradas de contrabandistas no distrito de Karelia, ao sul da Finlândia, e revendidas por uma margem de lucro de até 133.000% no Mar Negro. Russos, tartares e persas costumavam montar inúmeras ofensivas à Finlândia com o propósito específico de capturar crianças para vendê-las no mercado. Na época, não havia um estado finlandês consolidado e, embora o território já tivesse quase todo se convertido ao cristianismo durante a Idade Média, uma grande parcela da população ainda era pagã. Com isso, eles não tinham proteção da Igreja e ainda eram tratados como compra potencial tanto para muçulmanos quanto cristãos. Para se ter uma ideia dos horrores que esses finlandeses enfrentavam, a estimativa era de que, pelo menos uma vez a cada 10 anos entre os séculos XIV e XVI, os vilarejos locais sofriam ataques em busca de escravos. Algumas famílias pagavam para recuperar seus parentes, mas a maioria não tinha dinheiro o suficiente. E as crianças capturadas jovens demais para caminhar eram abandonadas no gelo até a morte. Isso pode até parecer muito distante no tempo, mas no caso da rica Suíça, a prática se estendeu entre os séculos XIX e XX. As “Verdingkinders” (em português: crianças sob contrato) eram crianças tiradas de famílias pobres e de mães solteiras pelas autoridades, sob o pretexto de que elas não teriam condições de sobrevivência. Depois, os meninos e meninas eram vendidos a fazendeiros e fábricas, onde estariam condenados ao trabalho forçado. Não fosse o bastante, a maioria dessas crianças também sofria com espancamentos e abusos sexuais constantes. Isso foi uma realidade comum pelo menos até a década de 50. O documentário Verdingkinder Reden (inédito no Brasil), de 2012, traz depoimentos de muitas dessas pessoas que tiveram sua infância negada. Estima-se que 100 mil crianças tenham sido escravizadas durante o período. O fim da prática veio apenas em 1981, com a adição de cláusulas à lei suíça afim de garantir que a privação de liberdade sob o propósito de assistência social se tornasse ilegal. No entanto, a mancha deixada na história do país foi tão forte, que até hoje o assunto é tratado como tabu – tanto por quem foi escravizado quando pelas autoridades. A Association for Stolen Children (Associação pelas Crianças Roubadas, em português) presidida por Walter Zwahlen, tem apenas 40 membros (mesmo com a estimativa de que 10 mil das crianças escravizadas ainda estejam vivas), e o primeiro pedido de desculpas oficial do país veio apenas em 2010, após um inquérito parlamentar que reconheceu como injusta a prisão de várias mulheres que eram “fugitivas” dos campos onde trabalhavam. Um projeto que visa compensar as vítimas escravizadas tramita desde 1999 no parlamento suíço. Mas, até o momento, nada foi definido.

Diferença cai em 2015, mas negro ganha cerca de 59% do salário do branco

A diferença de salário entre brancos e negros/pardos diminuiu em 2015. Ainda assim, os trabalhadores negros ganharam, em média, 59,2% do rendimento dos brancos no ano passado. Do UOL Apesar de negativo, o resultado mostra um avanço em relação a 2003, quando começou a ser feita a pesquisa. Naquele ano, os negros não ganhavam nem metade (48,4%) do salário dos brancos. Os dados fazem parte da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), divulgada nesta quinta-feira (28/01) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O mesmo vale para a comparação salarial entre homens e mulheres: o resultado melhorou, mas ainda há desigualdade. Em 2015, elas ganharam, em média, 75,4% do rendimento deles –leve alta em relação a 2014, quando o resultado havia sido de 74,2%. Média do rendimento Em 2015, a média da renda da população, já descontando a inflação, foi de R$ 2.265,09. Houve uma queda de 3,7% em relação a 2014 –a primeira baixa desde 2004. A pesquisa é baseada nos dados das regiões metropolitanas de Recife, Belo Horizonte, São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Segundo o instituto, todas as regiões tiveram perda no rendimento do trabalhador, com destaque para Belo Horizonte (-4,6%), Rio de Janeiro (-4%) e São Paulo (-4%). Na comparação entre 2015 com 2003, ano do início da pesquisa, o rendimento médio do trabalhador aumentou 28,4%, o que representa um ganho de cerca de R$ 501,25. Em dezembro do ano passado, o desemprego foi de 6,9%, maior para o mês desde 2007, quando tinha sido de 7,4%. De janeiro a dezembro de 2015, o desemprego no Brasil teve média de 6,8%. Em 2014, a média tinha sido de 4,8%. O aumento de 2 pontos percentuais entre os anos foi o maior registrado na série histórica, que começou em 2003. A média de pessoas desempregadas no ano passado foi de 1,7 milhão, 42,5% maior que a de 2014 (1,2 milhão). Tags: desigualdades raciais · Mercado de Trabalho Instituto Geledes

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Seguridade aprova relatório sobre políticas de assistência à população negra

A Comissão de Seguridade Social e Família aprovou relatório da subcomissão especial que avalia as políticas de assistência social e saúde da população negra (Relatório 4/15). O relator, deputado Antônio Brito (PTB-BA), apresentou relatório com nove sugestões de proposições legislativas. Entre elas, está o requerimento de prioridade para o Projeto de Lei 7103/14, da deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que inclui o quesito cor ou raça nos prontuários, registros e cadastramentos do Sistema de Informação em Saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre outras sugestões estão indicações ao Ministério da Saúde para criar ações de aperfeiçoamento de políticas para a população negra; tornar mais clara a intenção de ampliar a parceria e a interlocução com as casas religiosas de matriz africana na abordagem de agravos à saúde; formalizar instância gestora da saúde da população negra na estrutura organizacional, de acordo com compromissos assumidos pelo governo, entre outras. De acordo com o relator, é notório o impacto negativo de condições adversas de vida sobre o perfil de saúde da população negra. “A população negra sofre, de modo geral, com menor renda, menor escolaridade, menor acesso às condições ideais de moradia, saneamento, trabalho, transporte, saúde, e luta por direitos iguais”, apontou. Ele destacou que os indicadores sociais mostraram a iniquidade no acesso a serviços públicos, bem como na distribuição de renda, revelando-se um forte viés racial. Políticas públicas No entanto, de acordo com o relatório aprovado, os programas sociais e as políticas públicas têm alcançado a população negra nos últimos anos. “Os dados apresentados acerca da participação da população negra no público beneficiário dessas políticas indicam que o país está na direção de reduzir as iniquidades de renda e de acesso a serviços públicos. Evidentemente, ainda são muitos os desafios que se colocam na agenda, sobretudo no que se refere à superação do racismo institucional”, destacou Antônio Brito. Brito também informou que, em relação à anemia falciforme e a morte materna terem ocupado o foco inicial da subcomissão, muitos outros agravos despontaram como pontos importantes a acompanhar, entre eles glaucoma, diabetes e hipertensão. Sugestões O colegiado sugeriu orientar e induzir os governos federal, estaduais e municipais a construir metodologias de planejamento que contemplem diagnóstico situacional da população negra, bem como aumentar a representatividade da população negra nos conselhos gestores de políticas públicas, nos entes subnacionais. Outra sugestão apresentada foi lutar para que todas as políticas de promoção de saúde, controle de agravos, atenção e cuidado em saúde assimilem as especificidades da raça negra. “É urgente que se disponha de métodos de avaliação sistemática de impacto e qualidade das ações desenvolvidas, inclusive por sexo, raça, faixa etária para orientar o desenvolvimento das políticas de saúde. Da mesma forma, a interconexão com outros sistemas de informação da Seguridade Social proporcionará uma visão bem mais concreta das repercussões de agravos de saúde sobre a previdência e a assistência social. Por exemplo, permitiria a avaliação do impacto social da morte materna sobre as demandas da família e dos órfãos, ou ainda o peso previdenciário das morbidades maternas graves”, afirmou Brito. ÍNTEGRA DA PROPOSTA: PL-7103/2014 Edição – Luciana Cesar Reportagem – Luiz Gustavo Xavier 'Agência Câmara Notícias' • Expediente Disque-Câmara: 0800 619 619

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

"O termo "Dreadlocks"

"O termo "Dreadlocks" vem de um movimento de guerreiros que juraram não cortar seu cabelo até que Haile Selassie, o imperador da Etiópia nesses tempos, fosse libertado do exílio após conduzir a resistência contra a invasão italiana. O cabelo desses guerreiros se enredou e começou a se fechar com o tempo. Como os guerreiros com os cabelos emaranhados foram "Temidos" (Dreaded em inglês),o termo "Dreadlocks" se popularizou. Dreadlocks não são uma moda ou um simples penteado como muitos dizem, os dreadlocks vão muito além e isto é pelo significado implícito que sempre levaram, luta constante contra o sistema opressor. Se não estão dispostos a sair do sistema e lutar contra ele, existem muitos outros penteados "na moda" para serem feitos. IMG-20160110-WA0000.jpg (arquivo anexado)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Resolução põe fim ao termo 'autos de resistência' em boletim de ocorrência

CRISTINA CAMARGO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA O "Diário Oficial" da União publicou nesta segunda-feira (4) a resolução conjunta do Conselho Superior de Polícia, órgão da Polícia Federal, e do Conselho Nacional dos Chefes da Polícia Civil que aboliu a utilização dos termos auto de resistência (quando a polícia alega ter reagido para se defender) e resistência seguida de morte nos boletins de ocorrência e inquéritos policiais nos casos em que há lesão corporal ou morte decorrentes da oposição à intervenção policial. O fim dos termos é uma reivindicação antiga das organizações de direitos humanos no Brasil. A resolução é de outubro do ano passado, mas havia a necessidade da publicação no Diário Oficial da União para que entre em vigência. É baseada em decisão aprovada pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos em 2012, que recomendou o fim do uso de termos genéricos para camuflar mortes causadas por agentes de Estado. Um dos objetivos da medida é dar transparência às apurações de casos em que a intervenção policial tem como consequência lesões corporais ou mortes. De acordo com a resolução, os dirigentes dos órgãos de polícia judiciária terão que registrar as ocorrências como "lesão corporal decorrente de oposição à intervenção policial" ou "homicídio decorrente de oposição à intervenção policial", de acordo com o caso. A resolução determina também que nos casos de resistência à ação policial o delegado de polícia deverá verificar se o executor e as pessoas que o ajudaram usaram, de forma moderada, os meios necessários e disponíveis para defender-se ou vencer a resistência. Organizações de direitos humanos como a Anistia Internacional defendem o fim dos autos de resistência como forma de garantir mais eficiência às investigações de crimes de mortes violentas ocorridas em ações com a participação de agentes do Estado, com a garantia de acesso à perícia oficial, preservação da cena do crime e participação do Ministério Público nas investigações. De acordo com a Anistia Internacional, as vítimas dos chamados autos de resistência em sua maioria são jovens negros, do sexo masculino, moradores de favelas e periferias. Um exemplo recente é o caso do assassinato de cinco jovens em Costa Barros, no subúrbio do Rio. Eles voltavam de uma comemoração quando levaram dezenas de tiros. Quatro policiais militares foram presos em flagrante por homicídio doloso (quando há a intenção de matar) e fraude processual – teriam tentado forjar um cenário de auto de resistência no local do crime.

Terras quilombolas são liberadas para comunidade no Rio Grande do Sul

Segunda, 11 Janeiro 2016 12:27 RECONHECIMENTO Terras quilombolas são liberadas para comunidade no Rio Grande do Sul Área total identificada e reconhecida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) do RS é de 98,6 hectares.Mais uma parte do território quilombola de Rincão dos Martimianos, em Restinga Seca (RS), está liberada para a comunidade. A área total identificada pelo pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e reconhecida é de 98,6 hectares. Desse total, 26,1 hectares já haviam sido titulados em nome da Associação dos Remanescentes de Quilombo Vovô Geraldo – Rincão dos Martimianos em 2014. "Agora demos mais um passo para a titulação definitiva de outros 22,8 hectares para a comunidade, que já pode utilizar a área", explica o coordenador de Projetos Especiais do Incra/RS, Vitor Py Machado, que esteve em Restinga Seca para o ato de imissão de posse. A notícia foi recebida com entusiasmo pelas 55 famílias quilombolas. "Com estas terras, já podemos plantar uma área maior", comemora o presidente da Associação, João Oraci de Souza. Ele explica que o terreno é próprio para o plantio de arroz, mas que para isso, reparos precisam ser feitos na área do açude, viabilizando a irrigação. Enquanto isto não é providenciado, a comunidade vai expandir o cultivo de milho. Igualmente, uma antiga olaria, onde pelo menos 11 quilombolas trabalharam e que já estava desativada, deve ser aproveitada, em parte, como aviário. "Vamos nos organizar para isto, é uma forma de ter mais um retorno em renda", informa Souza. Regularização O processo de regularização do território de Rincão dos Martimianos foi aberto no Incra em 2005. Em 2006 a área foi identificada. Em 2007, foi reconhecida e em 2009, publicado decreto presidencial autorizando as desapropriações. Para Machado, o tempo decorrido demonstra a complexidade do processo, que passa por várias etapas administrativas e judiciais - com amplo direito de defesa das partes envolvidas. "Não é algo feito de maneira açodada", registra, destacando o trabalho meticuloso realizado pelo Incra. Fonte: Portal Brasil, com informações do Incra

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A chocante história da africana que virou atração de circo

12 de Janeiro de 2016, 5:04 , por Blog do Arretadinho - Visualizado 4 vezes Em outubro de 1810, Sarah Baartman foi levada da África do Sul à Grã-Bretanha para aparecer em espetáculos. (Foto SPL) Sarah Baartman: a chocante história da africana que virou atração de circo Por Justin Parkinson BBC News Magazine Há dois séculos, Sarah Baartman morreu após passar anos sendo exibida em feiras europeias de "fenômenos bizarros humanos". Agora, rumores de que sua vida poderia ser transformada em um filme de Hollywood estão causando polêmica. Sarah Baartman morreu em 29 de dezembro de 1815, mas o show, sob uma perspectiva ainda mais macabra, continuou. Seu cérebro, esqueleto e órgãos sexuais continuaram sendo exibidos em um museu de Paris até 1974. Seus restos mortais só retornaram à África em 2002, após a França concordar com um pedido feito por Nelson Mandela. Ela foi levada para a Europa, aparentemente, sob promessas falsas por um médico britânico. Recebeu o nome artístico de "A Vênus Hotentote" e foi transformada em uma atração de circo em Londres e Paris, onde multidões observavam seu traseiro. Hoje em dia, ela é considerada por muitos como símbolo da exploração e do racismo colonial, bem como da ridicularização das pessoas negras muitas vezes representadas como objetos. Boatos Recentemente, começou a correr um rumor de que a cantora Beyoncé estaria planejando escrever e protagonizar um filme sobre Baartman. Os representantes da artista negaram essa informação, mas o burburinho foi suficiente para provocar preocupação. Jean Burgess, chefe do grupo khoikhoi – a etnia de Baartman – disse que Beyoncé não conta com "a dignidade humana básica para ser digna de escrever a história de Sarah, menos ainda para interpretá-la". Ela justificou que via com "arrogância" a suposta ideia de Beyoncé de "contar uma história que não pertence a ela" e sugeriu que a atriz fizesse um filme sobre indígenas americanos. Já Jack Devnarain, presidente do Sindicato de Atores da África do Sul, disse que os cineastas têm "direito de contar a história de pessoas que as fascinam e não devemos nos opor a isso". Ao negar qualquer vínculo com o filme, o representante de Beyoncé ponderou que "esta é uma história importante que deve ser contada". História A vida de Baartman foi marcada por penúrias. Acredita-se que ela tenha nascido na Província Oriental do Cabo da África do Sul em 1789. Sua mãe morreu quando ela tinha dois anos e seu pai, um criador de gado, morreu quando ela era adolescente. Ela começou a trabalhar como empregada doméstica na Cidade do Cabo quando um colono holandês assassinou seu companheiro, com quem havia tido um bebê que também morreu. Em outubro de 1810, apesar de ser analfabeta, ela supostamente assinou um contrato com o cirurgião inglês William Dunlop e o empresário Hendrik Cesars, dono da casa em que ela trabalhava, que disse que ela viajaria para a Inglaterra para aparecer em espetáculos. Atração Quando ela foi exibida em um estabelecimento em Piccadilly Circus, em Londres, causou fascinação. Leia também: A surpreendente entrevista dado por "El Chapo" a Sean Penn "É preciso lembrar que, nesta época, nádegas grandes estavam na moda, e por isso muitas pessoas invejavam o que ela tinha naturalmente", diz Rachel Holmes, autora de A Vênus Hotentote: vida e morte de Saartjle Baartman. O motivo para isso é que Baartman, também conhecida como Sara ou Saartjie, tinha esteatopigia, uma condição genética que faz com que a pessoa tenha nádegas protuberantes devido à acumulação de gordura. Essa condição é mais frequente em mulheres e principalmente entre aquelas de origem africana. Mas a própria palavra é motivo de debate, porque, para muitos, seria racista o fato de ela sugerir que se uma mulher tem nádegas grandes e é negra, sofre de uma doença. Já para as nádegas pequenas a palavra é "calipigia", em referência à famosa estátua romana Vênus Calipigia – que significa "a Vênus das nádegas belas". Toda uma Vênus No espetáculo, Baartman usava roupa justa e da cor da sua pele, contas e plumas e fumava um cachimbo. Clientes mais abastados podiam pagar por demonstrações privadas em suas casas, em que era permitido que os convidados a tocassem. Os "empresários" de Baartman a apelidaram de "Vênus Hotentote" porque, nesta época, esse era o termo que os holandeses usavam para descrever os khoikhois e aos san, os principais membros de um importante grupo populacional africano, os khoisans. Atualmente, o termo 'hotentote' é considerado pejorativo. Livre ou assustada? Nesta época, o império britânico já havia abolido o tráfico de escravos (em 1807), mas não a escravidão. Charges políticas foram feitas com figura de Baartman Mesmo assim, ativistas ficaram horrorizados com a forma como os empresários de Baartman a tratavam em Londres. Eles foram processados judicialmente por deter Baartman contra sua vontade, mas foram declarados inocentes. A própria Baartman testemunhou a favor deles. "Ainda não se sabe se Baartman foi forçada, como os defensores da abolição e os ativistas humanitários alegavam, ou se atuou por livre arbítrio", diz o historiador Christer Petley, da Universidade de Southampton, na Inglaterra. "Se eles a estavam obrigando a trabalhar, é possível que tenha se sentido intimidada demais para dizer a verdade no tribunal. Nunca saberemos." "O caso é complexo e a relação entre Baartman e seus chefes definitivamente não era igualitária." A caminho de Paris Holmes destaca que o show de Baartman incluía dança e interpretação de vários instrumentos musicais, e diz que um público "sofisticado" em Londres – uma cidade em que as minorias étnicas não eram raras – não teriam se encantado por muito tempo com ela apenas pela sua cor. De qualquer forma, com o tempo, o show da "Vênus" foi perdendo seu caráter de novidade e popularidade entre o público da capital, e por isso ela saiu em turnê pela Grã-Bretanha e Irlanda. Em 1814, foi para Paris com seu empresário, Cesars, e outra vez virou uma celebridade, que tomava coquetéis no Café de Paris e ia às festas da alta sociedade. Cesars voltou para a África do Sul e Baartman caiu nas mãos de um "exibidor de animais" cujo nome artístico era Reaux. Ela bebia e fumava sem parar e, segundo Holmes, "provavelmente foi prostituída por ele". 'Grotesco' Eventualmente, Baartman aceitou ser estudada e retratada por um grupo de cientistas e artistas, mas se recusou a aparecer completamente nua na frente deles. Ela argumentava que isso estava além de sua dignidade: nunca havia feito isso em seus espetáculos. Foi neste período que teve início o estudo que chegou a ser chamado de "ciência da raça", diz Holmes. Baartman morreu aos 26 anos de idade. A causa foi descrita como "uma doença inflamatória e eruptiva". Desde então, cogita-se que tenha sido resultado de uma pneumonia, sífilis ou alcoolismo. O naturalista Georges Cuvier, que dançou com Baartman em um das festas de Reaux, fez um modelo de gesso de seu corpo antes de dissecá-lo. Além disso, preservou seu esqueleto, pôs seu cérebro e seus órgãos genitais em frascos, que permaneceram expostos no Museu do Homem de Paris até 1974, algo que Holmes descreve como "grotesco". De volta para casa "A dominação dos africanos foi explicada com ajuda da ciência, estabelecendo que os khoisan eram um grupo menos nobre no progresso da humanidade", escreveu Natasha Gordon-Chipembere, editora de Representação e feminilidade negra: o legado de Sarah Baartman. A chocante história da africana que virou atração de circo Após sua eleição em 1994 como presidente da África do Sul, Nelson Mandela solicitou a repatriação dos restos mortais de Baartman e o modelo de gesso feito por Cuvier. O governo francês acabou aceitando o pedido e fez a devolução, em 2002. Em agosto do mesmo ano, seus restos mortais foram enterrado em Hankey, província onde Baartman nasceu, 192 anos após ela sair com destino à Europa. Vários livros já foram publicados sobre a maneira como ela foi tratada e sua transcendência cultural. "Ela acabou se tornando um molde sobre o qual se desenvolvem múltiplas narrativas de exploração e sofrimento da mulher negra", escreveu Gordon-Chipembere, que acha que, em meio à tudo isso, Baartman, "a mulher, permanece invisível". Em 2010, o filme Black Venus e o documentário The Life and Times of Sara Baartman contaram a história dela. Em 2014, a revista americana Paper botou na capa uma foto da celebridade americana Kim Kardashian balançando um copo de champanhe sobre suas nádegas avantajadas. Vários críticos reclamaram que a imagem lembrava desenhos retratando Baartman. No ano passado, uma placa no local em que ela está enterrada em Hankey foi vandalizada com tinta branca. Isso ocorreu na mesma semana em que a Universidade da Cidade do Cabo retirou, após protestos, a estátua de Cecil Rhodes, um empresário e político do século 19, que declarou notoriamente que os britânicos seriam "a primeira raça no mundo". "As pessoas estão resolvendo sobre como querem lidar com essas questões", diz Petley. "Muitas vezes elas foram ocultadas, e chegou a hora de reavaliá-las." Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/BlogDoArretadinho/~3/N0L0mwtlIlY/a-chocante-historia-da-africana-que.html

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Homem é preso por injúria racial em Bento Gonçalves/RS

Pioneiro 27/01/2016 Ofensas foram contra dois haitianos Gaúcha Serra Um homem de 38 anos foi preso por injúria racial em Bento Gonçalves. A informação é da Gaúcha Serra. As ofensas foram contra dois haitianos na tarde desta quarta-feira. Confira as últimas notícias do Pioneiro De acordo com a Brigada Militar e a Polícia Civil, os haitianos relataram que o homem os ameaçou e os chamou de 'macacos'. O homem preso em flagrante apresentava visíveis sinais de embriaguez e carregava uma faca de serra. Como o homem não pagou fiança, foi encaminhado ao presídio.